YEMANJÁ
“Iemanjá, é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemoja. Com as guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX.
Não lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os objetos sagrados, suportes do axé da divindade. E o rio Ògùn, que atravessa a região, tornou-se, a partir de então, a nova morada de Iemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser confundido com Ògún, o orixá do ferro e dos ferreiros.”
Apesar de continuar sendo saudada com a exclamação “Odo Iyá” (a mãe do rio), na Bahia, para onde grande quantidade de Egbás de Abeokutá foi trazida, Yemanjá tornou-se deusa das águas salgadas.
Isso se deve ao fato de Yemanjá ser miticamente considerada filha do poderoso orixá Olokum (o oceano). De acordo com essa lenda, Olokum tem papel tão importante na obra da criação como aquele correspondente a Olorum, o ser supremo. A verdade guardada nessa interpretação está na eterna comunhão entre o céu e o mar. No entanto, no dia da festa de Yemanjá em Salvador, as primeiras cerimônias sempre ocorrem nas águas doces do Dique do Tororó antes de seguir para o mar. Para os yorubás das regiões de Benin, Lagos, Porto Novo e Ifé, Yemanjá (ou Yemowo) forma com Obatalá o primeiro casal divino. Já em Oyó, uma variante dessa lenda diz que ela seria filha de Obatalá e esposa de Aganju. De um jeito ou de outro, todos concordam que o nascimento dos orixás é fruto da complicada relação que Yemanjá teve com um de seus filhos, e cujo amor pecaminoso foi repelido por ela com repugnância, levando-a fugir, transformando-se em água para sempre.
A majestade dos mares. Senhora dos oceanos, sereia sagrada, é também conhecida por dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá e Maria, no paralelismo com a religião católica. Aiocá é o reino das terras misteriosas da felicidade e da liberdade, imagem das terras natais da África, saudades dos dias livres na floresta. Iemanjá é a Rainha das águas salgadas, considerada como mãe de todos Orixás, regente absoluta dos lares, protetora da família. Chamada também como a Deusa das Pérolas, Iemanjá é aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do nascimento. Por isso à ela também pertence a fecundidade. Junta-se ao orixá Oxalá complementando-o como o Princípio Gerador Feminino.
Comparada com as outras divindades do panteão africano, Yemanjá é uma figura extremamente simples. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimentam um grande número de iniciados e simpatizantes, tanto da Umbanda como do Candomblé.
Pelo sincretismo, porém, muita água rolou. Os jesuítas portugueses, tentando forçar a aculturação dos africanos e a aceitação, por parte deles, dos rituais e mitos católicos, procuraram fazer casamentos entre santos cristãos e Orixás africanos, buscando pontos em comum nos mitos.
Para Yemanjá foi reservado o lugar de Nossa Senhora, sendo, então, artificialmente mais importante que as outras divindades femininas, o que foi assimilado em parte por muitos ramos da Umbanda.
Mesmo assim, não se nega o fato de sua popularidade ser imensa, não só por tudo isso, mas pelo caráter, de tolerância, aceitação e carinho. É uma das rainhas das águas, sendo as duas salgadas: as águas provocadas pelo choro da mãe que sofre pela vida de seus filhos, que os vê se afastarem de seu abrigo, tomando rumos independentes; e o mar, sua morada, local onde costuma receber os presentes e oferendas dos devotos.
Numa Casa de Santo, Yemanjá atua dando sentido ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependência; proporcionando sentimento de irmão para irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho ou de mãe para filho e vice-versa, nos casos de relacionamento dos Babalorixás (Pais no Santo) ou Ialorixás (Mães no Santo) com os Filhos no Santo. A necessidade de saber se aquele que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Yemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe,
outro parente ou amigo muito querido. É a preocupação e o desejo de ver aquele que amamos a salvo, sem problemas, é a manutenção da harmonia do lar.
Essa força da natureza também tem um papel muito importante em nossas vidas, pois é ela que vai reger nossos lares, nossas casas. É Iemanjá que vai dar o sentido de “família” a um grupo de pessoas que vivem debaixo de um mesmo teto. Ela é a geradora e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e filhos, transformando-os num grupo coeso.
Iemanjá é o sentindo de educação que damos aos nossos filhos, os mesmos que recebemos de nossos pais, que aprenderam com nossos avós. Ela, Iemanjá, rege até o castigo, as sanções que aplicamos aos filhos. É o sentido básico, é a base da formação de uma família, aquela que vai gerar o amor do pai pelo filho, da mãe pelo filho, dos filhos pelos pais, transformando tais sentimentos num só, poderoso, imbatível, que se perpetuará.
Iemanjá é a família! Rege as reuniões de família, os aniversários, as festas de casamento, as comemorações que se fazem dentro da família. É o sentido da união, seja ligado, por laços consanguíneos, ou não.
Iemanjá também está presente nas decisões, nos momentos de angústia e preocupação pelo ente querido, pois seus sentimentos geram os nossos, A necessidade de saber se aqueles que amamos estão bem, a dor pela preocupação, é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai, mãe, outro parente, ou amigo muito querido. E estendemos isso, também, às comunidades da Religião. Iemanjá representa a preocupação e o desejo de ver aquilo que amamos a salvo, sem problemas. É a manutenção da harmonia do lar.
Está presente também no nascimento, pois é ela quem vai aparar a cabeça do bebê, exatamente no momento do seu nascimento. Se Exu fecunda e Oxum cuida da gestação, é Iemanjá quem vai receber aquela nova vida no mundo e entregá-la ao seu regente, que inclusive pode ser até ela mesma. Isto tem uma importância muito grande, no sentido e na visão da Cultura Africana, sobre a fecundação e concepção da vida humana. Iemanjá é a senhora dos lares, pois, desde o nascimento, ou a partir do nascimento, ela cuidará da família.
Daí o titulo de Iyá (mãe), melhor, Iyá – Ori (mãe da cabeça) e plasmadora de todas as cabeças; aquela que gera o Ori, que dá o sentido da vida e nos permite pensar, raciocinar, viver normalmente como seres pensantes e inteligentes.
Apesar dos preceitos tradicionais relacionarem tanto Oxum como Yemanjá à função da maternidade, pode estabelecer-se uma boa distinção entre esses conceitos. As duas Orixás não rivalizam (Yemanjá praticamente não rivaliza com ninguém, enquanto Oxum é famosa por suas pendências amorosas que a colocaram contra Iansã e Obá). Cada uma domina a maternidade num momento diferente.
Por ser a Senhora dos Oceanos, tem uma função primordial na dissipação e transmutação das energias deletérias. São seus mensageiros, os espíritos que trabalham na vibração de Iemanjá responsáveis por quase toda a limpeza astral do planeta, e sua renovação. Mesmo Oxum e Iansã, também Orixás responsáveis por essa tarefa levam suas águas e ventos até o mar, para que lá haja a total renovação. Não é a toa que o líquido amniótico é salgado, não é a toa que o banho de sal grosso é tão forte na retirada de energias maléficas. “Por ser a água do mar essa fonte de vida e renovação, de transmutação da matéria é que Iemanjá também é muita acionada” em todos os trabalhos de magia, pois sua energia primordial molda e cria qualquer coisa.
Iemanjá está presente nos mares e oceanos. É a Senhora das águas salgadas e será ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é a onda do mar, o maremoto, a praia em ressaca, a marola, É ela quem controla as marés, é ela quem protege a vida no mar.
CORRESPONDENCIA
Saudação – Odô Iyá e/ou Odô Fiaba
Data – 2 de Fevereiro. Em algumas casas – 15/08 e 08/12.
Dia da semana - Sábado
Signo – Câncer
Numero – 4
Fio de Contas - Contas e Missangas de cristal. Firmas cristal.
Comidas e bebidas – Ebo ya (canjica branca com cebolas fritas e camarões no azeite doce), Cuscuz com tainha, Manjar do Céu (Leite, maizena, leite de coco, açúcar) ou outros manjar, camarão, Peixes de agua salgada, bolo de arroz, mamão, Acaçá branco, Sagu com leite de coco (Colocar o sagu de molho em água pura de modo a inchar, depois de inchado, retirar a água e levar ao fogo com leite de coco, de modo a fazer um mingau bem grosso, colocar em tigela de louça branca), Canjica branca (Canjica branca cozida, leite de coco. Colocar a canjica em tigela de louça branca, despejando mel por cima, e uvas brancas, se desejar) E bebida agua mineral, Champanhe e Vinho Branco.
Animais – Peixes, cabra branca, pata ou galinha branca.
Frutas - Menos a manga espada e goiaba. Todas as outras sim.
Flores – Rosas brancas, palmas brancas, angélicas, orquídeas, crisântemos brancos.
Cores e Velas – Prateado, transparente, branco e azul-claro. Em algumas casa – Cristal, verde ou rosa claro.
Metal – Prata e Prateado
Membros do Corpo/ Saúde – cabeça (inconsciente e equilibro mental), cérebro(comanda o corpo).
Chakra - Frontal
Incensos e Ervas – Alfazema, Macaça, Camomila, erva-doce e lírio branco, musgo marinho, jasmim, jasmim de cabo, jequitibá rosa, rosa branca, folha de leite, flor de laranjeira.
Essências - Jasmim, Rosa Branca, Orquídea, Crisântemo.
Pedras – Cristais brancos, pérolas, Água Marinha, Lápis-Lazúli, Calcedônia, Turquesa e diamantes.
Planeta – Lua
Elemento – Agua
Símbolos/Objetos – Abebe branco (tipo espelho), lua minguante, leque, espada, cabaça, peixes, conchas, estrelas-do-mar, cavalo-marinho, búzios, bonecas, espelhos, arpoes, correntes (pencas) de conchas, braceletes e pulseiras.
Sincretismo - Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Glória, Nossa Senhora dos Navegantes.
Incompatibilidades - Poeira, Sapo
Arquétipos dos filhos – Voluntariosos, forte, rigorosos, altivos, e algumas vezes impetuosos, arrogantes, tem sentido de hierarquia, fazem se respeitar, são justos e formais, põem à prova as amizades que lhe são devotadas, custam a perdoar e se perdoam não esquecem jamais, preocupam-se com os outros, são maternais e sérios, sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo, das fazendas azuis e vistosas, das joias caras. Tem tendências a vida suntuosa, mesmo se as possibilidades não lhes permitem tal falso.
Mito
Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxossi e Exu.
Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pela mundo.
Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.
Comentava consigo mesma:
- Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e dos três é o mais inconstante, sempre preparado surpresas; imprevisível, astuto, capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxossi, meu querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não poderia segurá-lo.
Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu filho, que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de sua mãe, Exu saudou-a e comentou:
- Mãe eu andei pelo mundo, mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém que se comparasse a você!
- O que está dizendo, filho? Eu não entendo!
- O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!
E sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la. Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir jamais aquilo que estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta, dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no mundo”, sumindo no horizonte.
Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador, Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi saindo, dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás, tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros, na corte.
Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou entender a atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe não só de Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.
Qualidades do Orixá Yemanjá
São 7 as qualidades, e por possuírem características tão próprias, há quem chegue a considerar que se trata de orixás individuais (independentes) das outras qualidades. Yemanjá rege a inteligência humana por isso tem o título de Iyá Orí.
QUALIDADES
Yemanjá Asagba ou Sobá: Ligada a Airá, lufã e Orunmilá, fia algodão, usa corrente de prata no tornozelo, carrega abebé e sua energia é a espuma branca do mar, veste branco com prata.
Yemanjá Akurá: Vive nas espumas do mar, aparece vestida com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e pouco vaidosa. Adora carneiro, ligada a Nanã, veste branco aperolado.
Yemanjá Ataramogba: Vive na espuma da ressaca da maré, guerreira e ligada a Xangô, veste branco e nuances de cores claras.
Yemanjá Iyaoyó ou Awoyò; : É uma das mais velha, possui ligação com Oxalá, Oxumarê e Xangô, Veste branco e cristal, responsável pelas marés.
Yemanjá Maleleo ou Maylewo: Esta Yemanjá vive nos grandes lagos, tímida, não se pode tocar no rosto do Iyawò, veste verde claro.
Yemanjá Iyágunté: Mãe do rio ógun, esta Yemanjá guerreira usa espada e tem ligação com Ogun e Oxaguian, carrega abebé, veste azul claro.
Yemanjá Sessu, Iyasessu: Voluntariosa e respeitável ligada a Babá Olokun, vive nas águas agitadas da costa e come inhame, suas contas são verdes translúcidos, veste verde e branco.
Teremos ainda outras Yemanjás com nomes, títulos e cultos extintos:
Yemanjá Olossá ou Oloxá: Ligada a com Oxum e Nanã. Veste verde-clara e suas contas são branco cristal. É a Yemanjá mais velha da terra de Egbado, não há iniciados no Brasil.
Yemanjá Iya Massê: que é a mãe de xangô
Yemanjá Iyakú, Iya Odo, Iya Ewá, Iyá Tapá, Iya Tonà,etc.
As Características Dos Filhos De Yemanjá
Pelo fato de Yemanjá ser a Criação, sua filha normalmente tem um tipo muito maternal. Aquela que transmite a todos a bondade, confiança, grande conselheira. É mãe. Sempre tem os braços abertos para acolher junto de si todos aqueles que a procuram. A porta de sua casa sempre está aberta para todos, e gosta de tutelar pessoas. Tipo a grande mãe. Aquela mulher amorosa que sempre junta os filhos dos outros com os seus.
O homem filho de Yemanjá carrega o mesmo temperamento: é o protetor. Cuida de seus tutelados com muito amor. Geralmente é calmo e tranqüilo, exceto quando sente-se ameaçado na perda de seus filhos, isto porque não divide isto com ninguém. É sempre discreto e de muito bom gosto. Veste-se com muito capricho. É franco e não admite a mentira. Normalmente fica zangado quando ofendido e o que tem como ajuntó o orixá Ogum, torna-se muito agressivo e radical. Diferente é quando o ajuntó é Oxóssi, aí sim, é pessoa calma, tranqüila, e sempre reage com muita tolerância.
O maior defeito do filho de Yemanjá é o ciúme. É extremamente ciumento com tudo que é seu, principalmente das coisas que estão sob sua guarda. Gostam de viver num ambiente confortável e, mesmo quando pobres, pode-se notar uma certa sofisticação em suas casas, se comparadas com as demais da comunidade de que fazem parte. Apreciam o luxo, as jóias caras e os tecidos vistosos e bons perfumes. Entretanto, não possuem a mesma vaidade coquete de Oxum, sempre apresentando uma idade maior, mais responsáveis e decididos do que os filhos da Oxum. A força e a determinação fazem parte de suas características básicas, assim como o sentido de amizade, sempre cercada de algum formalismo. Apesar do gosto pelo luxo, não são pessoas ambiciosas nem obcecadas pela própria carreira, detendo-se mais no dia a dia, sem grandes planos para atividades em longo prazo.
Pela importância que dá a retidão e à hierarquia, Yemanjá não tolera mentira e a traição. Assim sendo, seus filhos demoram a confiar em alguém, e quando finalmente passam a aceitar uma pessoa no seu verdadeiro círculo de amigos, deixam de ter restrições, aceitando-a completamente e defendendo-a, seja nos erros como nos acertos, tendo grande capacidade de perdoar as pequenas falhas humanas. Não esquecem uma ofensa ou traição, sendo raramente esta mágoa esquecida.
Um filho de Yemanjá pode tornar-se rancoroso, remoendo questões antigas por anos e anos sem esquecê-las jamais. Fisicamente, existe uma tendência para a formação de uma figura cheia de corpo, um olhar calmo, dotada de irresistível fascínio (o canto da sereia). Enquanto os filhos de Oxum são diplomatas e sinuosos, os de Yemanjá se mostram mais diretos. São capazes de fazer chantagens emocionais, mas nunca diabólicas. A força e a determinação fazem parte de seus caracteres básicos, assim como o sentido da amizade e do companheirismo.
São pessoas que não gostam de viver sozinhas, sentem falta da tribo, inconsciente ancestral, e costumam, por isso casar ou associar-se cedo. Não apreciam as viagens, detestam os hotéis, preferindo casas onde rapidamente possam repetir os mecanismos e os quase ritos que fazem do cotidiano.
Todos esses dados nos apresentam uma figura um pouco rígida, refratária a mudanças, apreciadora do cotidiano. Ao mesmo tempo, indicam alguém doce, carinhoso, sentimentalmente envolvente e com grande capacidade de empatia com os problemas e sentimentos dos outros. Mas nem tudo são qualidades em Yemanjá, como em nenhum Orixá. Seu caráter pode levar o filho desse Orixá a ter uma tendência a tentar concertar a vida dos que o cercam - o destino de todos estariam sob sua responsabilidade. Gostam de testar as pessoas.