13 maio 2014

Héstia








Héstia 

Héstia foi à primeira filha de Chronos e Réia, portanto irmã mais velha de Zeus. Rege o fogo sagrado. Como Ártemis e Athena, optou por manter-se virgem. O fogo de Héstia simboliza a chama que arde no coração dos homens; a vida , o amor à vida ; a vida pelo amor. Ela recebia as honras em primeiro e último lugar, em razão dos direitos especiais de seu nascimento e renascimento. Conta o mito que, à medida que a deusa Rhea dava à luz aos seus filhos, Chronos os engolia, por temer ser por eles destronado. Quando Zeus nasceu, Rhea conseguiu enganar Chronos, dando-lhe uma pedra enrolada em panos para engolir e escondeu Zeus na gruta do Monte Ida, onde ele foi criado por sacerdotes e amamentado pela cabra Amalthea. Quando se tornou adulto, Zeus deu um vomitório para que Chronos expelisse todos os filhos por ele engolidos; a última a ser devolvida foi a primogênita Héstia, daí seu título de “a primeira e a última”.
Diferente de outras divindades, Héstia jamais participou das disputas ou intrigas entre os deuses, nem das guerras promovidas por seus irmãos, adquirindo, assim, o direito de ser reverenciada como o centro da casa e do templo e de receber as honras e oferendas em primeiro e último lugar. Por ter imposto sua vontade de permanecer virgem e de jamais aceitar um homem na sua vida, Ela (assim como Ártemis e Athena) era invulnerável às flechas de Eros e aos feitiços de amor de Afrodite.
É símbolo da pureza, da força e conhecimentos ancestrais; do respeito ao passado que forma cada um de nós. É ao redor dele e de seu calor que, à noite, a família se reúne e, por mais modesto que seja o alimento servido, todos têm nele a possibilidade de um novo dia possível. É símbolo da família. A chama que torna possível os laços de união. A única preocupação da deusa era manter os corações dos homens aquecidos. Alimenta-los com o leite do afeto e da humanidade. Héstia também simboliza a continuidade e preservação das tradições, do saber ancestral. É o símbolo do renascimento dos antigos cultos. De todos os deuses e deusas Héstia era aquela a quem os homens mais amavam e respeitavam , disse Homero.

Como arquétipo, Héstia representa a essência (em grego a palavra é essia), o centro da psique, a própria chama interior da natureza divina. Ela também simboliza a energia feminina invisível que permeia um lugar ou situação e que torna esse local sagrado.
Como deusa virgem, personifica o conceito da auto-suficiência, ou seja, “ser completa em si mesma”, sem precisar da presença de um pai, marido, filho ou amante. Nessa condição, ela podia seguir seus próprios valores e caminhos, sem lutar pelo poder, sem ter que se submeter à autoridade masculina ou fazer concessões. No entanto, o arquétipo de Héstia permanece esquecido e oculto em nosso inconsciente e caberá a nós – mulheres conscientes de sua força e missão espiritual – reacender o fogo sagrado, em nós, em nossas vidas e famílias. Para isso, precisamos encontrar novas formas de manter a união e harmonia familiar, cuidando da alimentação saudável dos filhos, evitando a poluição ambiental e mental pelo consumismo, a invasão dos alimentos refinados e processados. Podemos e devemos criar singelos momentos de silêncio e de gratidão pelo pão diário, em uma oração conjunta nas refeições ou ao redor da chama de uma vela.

É uma deusa humilde, simples e modesta. Somente para ela havia um altar em cada casa; a lareira. Ali ardia uma chama sempre acesa. Os homens pediam que ela abençoasse o alimento antes das refeições e lhe prestavam homenagens ao terminá-la. Para ela havia sempre uma parte nos sacrifícios, mesmo que este se dirigisse a um outro deus; e era dela toda a gordura do sacrifício. Como deusa da família Héstia amava a todas as crianças e as protegiam. Quando estas cresciam, casavam-se e mudavam de casa, levavam consigo uma parte da chama paternal para abençoar e iluminar a nova residência. Dessa forma a chama podia manter-se acesa durante anos, décadas, séculos e até mesmo (por que não?) milênios. No centro de cada cidade havia um prédio público chamado de Pritaneu. No centro do pritaneu, um enorme átrio tinha no seu centro um altar dedicado à deusa, e sobre este altar uma chama em honra à deusa pedia para que ela protegesse a todos que moravam lá. Havia homens dispostos a morrer para não deixar que a chama se extinguisse. Sempre que novas expedições saíam com objetivo de fundar novas aldeias levava consigo um pouco da chama do pritaneu para que assim a cidade a ser fundada fosse abençoada pelas graças da deusa. Era o símbolo de amizade e Xênia entre as cidades.


Héstia e Hermes

Também com Hermes essa deusa compartilha a imagem do fogo sagrado no centro. Hermes (Mercúrio) era o espírito alquímico, imaginado como o fogo elementar . Tal fogo era considerado a fonte do conhecimento intuitivo, simbolicamente localizado no centro da Terra.
Uma outra associação que se pode fazer entre Héstia e Hermes também se refere à sacralização de um espaço. Na Grécia antiga, na parte externa de todos os lares, como uma proteção contra qualquer invasão maléfica existia o "Herma" um pilar que representava Hermes. Vemos assim Hermes e Héstia associados na proteção de um espaço sagrado, enquanto o primeiro protege o exterior a segunda guarda o espaço interior. O pilar e o anel em forma de círculo representam os princípios masculino e feminino respectivamente.
Assim como Hermes exerce a função mediadora que conecta e move a alma, também Héstia tem uma função coesiva na alma que preserva o elemento de plenitude e permite ao indivíduo imaginar "em paz"
A lareira redonda de Héstia com um fogo sagrado no centro é uma forma de mandala, símbolo da integridade e da totalidade.
Sem a presença de Héstia, que se pode observar em certas desordens transitórias da psicose, particularmente das esquizofrenias não existe separação entre os espaços de dentro e de fora, não há barreiras protetoras, que possibilite a permanência das imagens de tal modo que o mundo psíquico todo é vivenciado como transitório e fugaz.

Héstia e sua função de guardiã das imagens



De acordo com o relato de Ovídio, Paládio, uma imagem de Atena em vestes guerreiras, era guardada por Vesta em seu templo localizado em Roma. Tal imagem havia sido roubada de Tróia e acreditava-se que a ela se devia a preservação do império. Vesta foi designada a guardiã dessa imagem de Minerva, graças ao seu poder de iluminação que nunca falha, um poder que tudo vê e que assim preservava com sua luz a integridade do império.
A força de Héstia difere das outras duas deusas virgens Atena e Ártemis, pois enquanto estas manifestam seu poder sob a forma de atos de afirmação, Héstia ilumina e sua luz proporciona proteção e nutrição às imagens.
Jean Shinoda Bolen nos diz ser uma características das deusas virgens a visão e a percepção focada, mas enquanto Atena e Ártemis dirigem sua luz para o exterior, Héstia a direciona para o interior e quando o enfoque se volta para o interior, em direção a um centro espiritual a vida adquire um significado maior, tem-se um ponto de referência interior que nos permite permanecer firmes no meio da confusão, da desordem, da afobação do dia-a-dia.
A condição de guardiã das imagens de Héstia faz-nos entrar em conexão com um outro aspecto dessa divindade, o da hospitalidade. Propiciando um lugar de união de congregação, Héstia oferece hospitalidade às imagens, elas são como espíritos que se corporificam ou se personificam através do acolhimento e do aconchego da lareira de Héstia. Personificar é um modo de conhecer é uma possibilidade de se estabelecer um relacionamento fecundo com o inconsciente.

Simbologia do fogo
Personificação do fogo sagrado, a deusa preside à conclusão de qualquer ato ou conhecimento. Ávida de pureza, ela assegura a vida nutriente, sem ser ela própria fecundante. É preciso observar, além do mais, que toda realização, toda prosperidade, toda vitória são colocadas sob o signo desta pureza absoluta. Héstia, como Vesta e suas dez Vestais, talvez simbolizem o sacrifício permanente, através do qual uma perpétua inocência serve de elemento substitutivo ou até mesmo de respaldo às faltas perpétuas dos homens, granjeando-lhes êxito e proteção.
Consoante o I Ching o fogo corresponde ao sul, à cor vermelha, ao verão e ao coração, sendo que sob este último aspecto ora pode representar a paixão, ora o espírito ou o conhecimento intuitivo.
Tanto no antigo quanto no novo testamento o fogo é elemento que purifica e limpa, tornando-se o veículo que separa o puro do impuro (essa é também a visão da alquimia), destruindo eventualmente este último.
O fogo tem também o aspecto de regeneração e renovação, em muitas culturas primitivas, os inumeráveis ritos de purificação certamente configuram os incêndios dos campos que se revestem, em seguida, de um tapete verde de natureza viva, não é necessário comentar a correspondência psicológica que essa imagem nos traz.

SEUS RITUAIS
Héstia é encontrada em rituais, simbolizada pelo fogo. Para que uma casa se tornasse um lar, a presença de Héstia era solicitada. Quando um casal se unia, a mãe da noiva acendia uma tocha em sua casa e a transportava diante do casal recentemente casado até sua nova casa, para que acendessem a primeira chama em seu lar. Este ato consagrava o novo lar.
Depois que a criança nascia, acontecia um segundo ritual. Quando a criança tinha cinco dias de vida, era levada ao redor da lareira para simbolizar sua admissão na família. Então seguia-se um festivo banquete sagrado.
Da mesma forma, cada cidade-estado grega tinha uma lareira comum com um fogo sagrado no edifício principal, onde os convidados se reuniam oficialmente. Cada colônia levava o fogo sagrado de sua cidade natal para acender o fogo da nova cidade.
Portanto, onde quer que um novo casal se aventurasse a estabelecer um novo lar, Héstia vinha com eles com o fogo sagrado, ligando o lar antigo com o novo, talvez simbolizando continuidade e ligação, consciência compartilhada e identidade comum.
 
RITUAL DE PURIFICAÇÃO
"Vesta da Chama Sagrada
Deusa da purificação e renovação,
Dama que liberta os cativos,
Derrame suas labaredas purificantes sobre meu coração e minha alma.
De modo que minha vida se renove,
e que meu espírito fique receptivo.
Desperte minha mente
para novas oportunidades.
Chame meu espírito para um
maior conhecimento espiritual.
Revele-me seus Mistérios Ocultos
Para que eu possa
experimentar uma nova iniciação.
Purifique-me e abençoe
ó, Vesta!!!"



Estrofes da poesia "Todas as Vidas" de Cora Coralina que sabia como poucos hospedar as imagens, dando-lhes vida, calor e encanto, bem ao modo de Héstia.
Vive dentro de mim Vive dentro de mim
uma cabocla velha a mulher roceira.
de mau olhado, - Enxerto da terra
acocorada ao pé do borralho meio casmurra.
olhando pra o fogo. Trabalhadeira.
Benze quebranto Madrugadeira.
Bota feitiço... Analfabeta.
Ogum, Orixá. Bem parideira.
Macumba,terreiro Bem criadeira.
Ogã, pai-de-santo... Seus doze filhos.
Seus vinte netos..
Vive dentro de mim
a mulher do povo. Vive dentro de mim
Bem proletária. a mulher da vida.
Bem linguaruda, Minha irmãzinha...
desabusada , sem preconceitos tão desprezada,
de casca grossa, tão murmurada...
de chinelinhas, Fingindo alegre seu triste fado.
e filharada.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida -
A vida mera das obscuras.




O que Héstia pode nos ensinar? 

1º) Que todos nós, especialmente nós mulheres para quem a casa representa tanto nosso espaço interno, devemos ter sempre no local onde vivemos, um lugar onde Héstia, representando nosso Fogo Sagrado, nossa energia vital, nossa alma possa "habitar". Devemos ter nesse lugar objetos e lembranças significativos e importantes para nós e enfeitá-lo para que seja nosso "centro" dentro da casa em que vivemos. Mesmo que só tenhamos um quarto ou até parte de um quarto, devemos reservar um cantinho nosso e da nossa Héstia interna, onde possamos nos sentir em casa, protegidas da luta diária e onde possamos recuperar nossas forças, energia e aquietar nossa mente e nosso coração.

2º) Mas, mais importante que esse centro dentro da nossa casa, precisamos construir esse centro dentro de nós. Um espaço de quietude, de serenidade, mas com nosso Fogo Sagrado onde possamos voltar, especialmente quando estamos mais perdidas de nós mesmas. Construir esse espaço pode ser tarefa para toda vida, mas só a partir dele é que podemos aspirar a uma certa sabedoria diante da vida.

Meditação com Héstia – Reunindo a Família na Lareira

Héstia é a deusa do lar, aquela que segura a chama do carinho, da cooperação em casa. Protetora das famílias. É aquela que estará em casa, à sua espera, para lhe dar conforto e energia para depois poder sair e enfrentar o mundo lá fora.
Hoje vamos ver uma meditação especial com Héstia, sobre o nosso lar e tudo que acontece nele. Seguuuuuuuuuuuura emoção!
Antes de começar preciso que acenda uma vela à sua frente, ou, se tiver uma lareira, sente-se de frente à ela. Antes, também, olhe fotos das pessoas de sua família e marque seus rostos. Lembre dos bons e maus momentos.

 

Prontinho? Sem pressa!
Vamos lá…
Feche os olhos… respire fundo três vezes. Relaxe. Solte os músculos. Esqueça o mundo ao redor.
Mergulhe na sua mente, nesse oceano de memórias e depois volte…
Vai vislumbrar sua casa. Você está do lado de fora. Venha, venha para sua casa.. ela está sem ninguém, escura, com tudo fechado. O que vai fazer primeiro?
Perceba que você está com a chave na mão. Vá lá e abra a porta, tranquilamente.
Abra as janelas.
Abra as portas.
Chame os nomes das pessoas que moram com você. A sua família toda. Você os ama verdadeiramente? Não chame ninguém que despreze.
Na sua casa há uma lareira na sala. Acenda-a e relaxe. Tem uma garrafa de vinho aberta pertinho de você.  Pode beber se quiser. Aos poucos as pessoas da sua casa virão. Cumprimente-as e diga como se sentiu sem elas.
Converse com eles, como sabe que conversariam. Em certo ponto a deusa Héstia irá surgir das chamas da lareira, e ninguém perceberá, exceto você.
A deusa não vai falar nada, apenas irá energizar a família. Sinta seu calor harmonizando todas as energias. O que você sente? O que você percebe? Falta algo?
Assim que a deusa sumir, volte a conversar com o pessoal.
Dê a cada um deles um presente, que você realmente gostaria de dar. Seja energia para curar uma depressão, seja um saco de moedas para emprego, seja uma cesta de chocolate para amor, e por aí vai. Você também vai ganhar presentes, mas esses presentes será a deusa Héstia mostrando a você o que possui no coração das pessoas da sua casa.

Levante-se, deixe o pessoal lá, batendo papo. Despeça-se dizendo que precisa dar uma saída. Abra a porta e tranque-a, com carinho, sabendo que eles estão em segurança. Agora vá embora. Sinta tudo ficando escuro…
Volte para o seu consciente.
Abra os olhos.
Anote os presentes que deu e recebeu. Tente o máximo fazer isso tornar-se real, pois estas são instruções da deusa Héstia, para um lar feliz.
Obs.: a lareira representa o coração da casa, na sala, onde as pessoas se juntam.E não a TV.


Oração a Héstia

"Ó Grande Héstia
Deusa do Fogo Interior;
O fogo que habita
nossos Corações;
Chamo tua presença
a tua Força e a tua Paz;
Para Consagrar em todos nós
o nosso Sagrado Lar Interior;
Aquel quenos aquece,
que nos ilumina e nos transforma.
Esteja presente na
nossa Centelha Divina;
Nos abençoando, nos protegendo
e nos transformando no caminho
do Amor, da Luz e da Verdade.
Que assim seja"